sábado, 26 de março de 2011

Simpósio de Arte-Terapia

Recorte da conclusão de um trabalho que realizei com mulheres mastectomizadas no hospital do câncer. Trabalho apresentado no Simpósio de Arte-Terapia em Salvador- BA - 2004

Após a realização de diversas atividades, reacendeu-se a certeza de que a arte por si só é um instrumento terapêutico, porém, como arteterapia essa prática deve estar embasada em conhecimentos teóricos e práticos de forma que o terapeuta esteja apto a sinalizar e orientar o seu cliente na reorganização de conteúdos psicológicos, conscientes, inconscientes ou que estejam prontos para emergir à consciência, momento este em que a arte servirá como veículo facilitador. As formas que surgem dos desenhos, recortes, pintura, a fala através de personagens, a vivência musical e corporal de forma criativa, tudo isso vem minimizar o impacto causado pela força dos conteúdos emergentes.

 Por diversas vezes pôde-se vivenciar os processos de transferência possíveis de ocorrer em uma sessão terapêutica, onde conteúdos psicológicos de cliente e terapeuta estabelecem trocas das mais diversas formas e possibilidades. Sobre as propriedades terapêuticas dos materiais, cada um deles, exerce uma possibilidade de ação no sujeito. Os contos em geral ajudaram os pacientes a se expressar, começar a falar de si através de personagens, estabelecendo um diálogo. O trabalho com fios foi um grande facilitador para que se atingisse nas sessões um maior grau de concentração, discussão de conteúdos pessoais e do próprio grupo, além de ter auxiliado na reorganização do espaço ocupado por cada componente.


O desenho e a pintura também tiveram seu lugar de importância levando as pacientes a entrar em contato com seus desejos e formas infantis, expressando-se sincera, descompromissadamente com a estética final. Realizaram seus desenhos e pinturas com capricho ou então muitas vezes rabiscando sem a preocupação de qualquer resultado a não ser dar vazão aos sentimentos de angustia, tristeza, ou qualquer tipo de sofrimento emocional pelo qual estivessem passando. Aspectos relacionados à doença ou a situação em si, nem sempre era verbalizada ou trazida como tema principal. Muitas vezes falava-se sobre a perda de um amigo, de um parente, ou então perdas pessoais ao longo da vida. A carência de afeto familiar, principalmente na relação mãe e filhos foi um dos temas mais presentes.


Falaram-se também sobre momentos de conquistas, nascimentos, crescimento e planos pessoais, objetivos a serem atingidos. Neste aspecto, procurou-se estimular principalmente a conquista e planejamento de objetivos possíveis e próximos, o que ajudou a diminuir o grau de ansiedade e frustração. (LOPES, 2004)

Auxílo à Pacientes Mastectomizadas

A ARTE-TERAPIA NO AUXÍLIO À PACIENTES SUBMETIDAS À CIRURGIA POR CÂNCER DE
MAMA, COMO RECURSO DE ENFRENTAMENTO E MELHORIA  NA QUALIDADE DE VIDA


Segundo informações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), (1999), a arte não só expressa e representa a dor humana com requinte e exatidão como também revela e deixa cada dia mais evidente o seu poder terapêutico quando na recuperação dos pacientes. A arte tem grande valia não só para os pacientes terminais como para qualquer outro, a partir do momento em que trabalha com a subjetividade e outros estados mentais do paciente, minimizando efetivamente o seu sofrimento, sendo que o paciente terminal demonstra ter um potencial criativo muito grande. A arte pode ajudar em momentos agudos, em doenças incuráveis ou em estado avançado. “[...] quando oferecemos ao paciente, elementos artísticos como o desenho, a pintura e da música. Tendo a arte como meio de expressão, ele rompe a resistência e torna o tratamento mais eficaz”. (VASCONCELLOS, 1999, p. 9).
Criatividade e sensibilidade são um potencial humano. Todos nós nascemos com potencial de criatividade, e é nos múltiplos encontros com a vida que estes vão se revelar e desabrochar. Neste sentido uma vida plena e saudável é uma vida criativa. O viver artístico não é algo extraordinário restrito a algumas pessoas socialmente reconhecidas como artistas, mas um aspecto intrínseco da humanidade e do ser humano (CIORNAI, 2004, p. 42).

Através da arte o homem materializa seu mundo interior, manifesta pensamentos, sentimentos, emoções, sonhos, desejos, todo seu universo imaginário. Suas manifestações expressão singulares pertencentes a cada pessoa. O lidar com a arte pode ser uma fonte de aprendizagem a cerca de si mesmo e de sua interação com o mundo. Ajuda a resgatar e elevar a auto-estima, auxiliando na reconstrução de uma auto-imagem mais positiva.
O arteterapeuta pode lançar mão de materiais como papel, lápis de diversos tipos, tintas, argila, carvão; como também diversas expressões artísticas: teatro, música e dança, entre outros. Deve ter conhecimento técnico suficiente sobre o manuseio dos diversos materiais e assim poder transmitir o mínimo de conhecimento necessário aos seus pacientes para que os mesmos possam tirar proveito dos recursos e possibilidades de cada material oferecido. Para a Arteterapia não há contra indicações de nenhum tipo, qualquer pessoa pode se beneficiar deste processo, podendo acontecer em sessões individuais ou em grupo. No entanto, é valido lembrar que o arteterapeuta deve ter conhecimento sobre o grau de toxidade e habilidades motoras mínimas para o manejo de cada material. Em casos específicos, como por exemplo, os pacientes mastectomizados, que apesar de serem capazes de desenvolver diversas atividades devem ser cuidadosos quanto ao manejo de algumas ferramentas como também estar atento aos movimentos repetitivos, os quais podem ocasionar conseqüências não desejáveis. O paciente deve ser levado a se soltar da maneira mais espontânea possível, sem preocupações estéticas de finalização.

terça-feira, 22 de março de 2011

Arteterapia

Sabe-se que a arte em si pode ter um valor terapêutico. O que não é a mesma coisa que arte-terapia. A arte-terapia é uma modalidade psicoterapêutica que faz uso da arte dentro do processo terapêutico. Todas as pessoas, em certos momentos, e períodos da vida, podem identificar aspectos de conflito e satisfação que são inerentes à condição humana. No processo terapêutico a arte é um instrumental valioso, tem papel facilitador, a fim de promover o entendimento do indivíduo, interrogando e integrando novas formas e possibilidades de ser e perceber o mundo.

O arte-terapêuta pode trabalhar com recursos como, por exemplo, recorte e colagem, desenho, escrita, propondo diversas atividades. Não é necessário que o paciente tenha conhecimento prévio ou treino de habilidades com relação aos materiais e recursos propostos. As produções devem acontecer da forma mais espontânea. Em nenhum momento é atribuído um julgamento estético. É certo que o contato com os materiais pode despertar o desejo e a aptidão artística de quem executa; quando isso ocorre, deve ser visto como um ganho adicional.

Durante as sessões a expressão verbal é valorizada e os materiais e recursos técnicos são propostos de acordo com a disponibilidade e necessidades sentidas. As produções realizadas em cada uma das sessões são registros que podem ser retomados e reinterpretados pelo próprio criador com o auxílio do terapeuta, ganhando assim, novos significados e valores na sua história pessoal. As sessões podem acontecer de forma individual ou em grupo, como tratamento, prevenção e auxiliar em processos diagnósticos.